terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

DIÁRIO DE BORDO - PARTE 2 - ORIENTAÇÕES

DIÁRIO DE BORDO

 por Cláudia Mistreli - AEE 

O diário de bordo tem o propósito de ampliar a comunicação da criança com prejuízos na fala - de modo alternativo, complementar ou suplementar. 

Por que utilizar? Porque é na interação que se constrói a linguagem, assim nos apoiamos nas ideias de Vygotsky que enfatizava o processo histórico-social e o papel da linguagem no desenvolvimento do indivíduo. A questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio. Para o teórico, o sujeito é interativo, pois adquire conhecimentos a partir de relações intra e interpessoais e de trocas com o meio, a partir de um processo denominado mediação. 

Poder-se ainda argumentar e discutir que os usuários dos sistemas de comunicação suplementar e/ou alternativa seriam avaliados pelas suas reais possibilidades expressivas, ou seja, crianças, jovens e adultos que não conseguem falar ou ainda, indivíduos que falam, mas não são compreendidos por diferentes interlocutores (Manzini, 2001; Deliberato, 2005). 

Deste modo introduziremos o diário de bordo para provocar as reações voluntárias e reflexas, que precisam ser entendidas pela professora e pelos amigos (Interlocutores). É um dos recursos de comunicação suplementar e/ou alternativa do conjunto de práticas comunicativas, que junta a vários recursos para ajudar as pessoas que não possuem fala nem escrita funcional, ou que não possuam habilidades de se comunicar satisfatoriamente em razão da deficiência. 

Esta atividade também é prevista no Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015), que afirma a autonomia e a capacidade desses cidadãos para exercerem atos da vida civil em condições de igualdade com as demais pessoas, necessitam da mediação. 

COMO SERÁ UTILIZADO O DIÁRIO DE BORDO E QUAL SUA FUNÇÃO? 

Os registros serão utilizados para colaborar com a expressão do pensamento da criança que traz o comprometimento relacionado a sua comunicação expressiva ou até mesmo pela comunicação receptiva. 

Exemplo de comunicação expressiva: a criança chega até a professora e diz: 
- Estou com dor de cabeça! 
Ou aproxima da professora e aponta para o pézinho “olha” ...tênis novo! Ou diz “Fui ao cinema”. 

Expressando suas necessidades e compartilhando emoções. 

Exemplo de comunicação receptiva: - Como você está hoje? -Qual sua fruta preferida? 

As crianças com o comprometimento na comunicação não irão responder e não compartilharão suas necessidades, desejos e emoções. Sua participação estará comprometida, então este recurso será o facilitador e irá ampliar a da comunicação. 

Outro ponto é que a família talvez não utilize as entonações carregadas de musicalidade, com modificações prosódicas (mamanhês), que fará a criança tentar corresponder. 

Nossa ação conjunta facilitará o processamento e a compreensão da fala. Assim ações compartilhadas entre os profissionais da escola, dos familiares e profissionais da saúde, irão contribuir para a ampliação da comunicação, um dos conteúdos mais importantes do Atendimento Educacional Especializado para a plena participação da criança. 

O QUE A PROFESSORA ESCREVE? 

1. Perguntas relacionadas as características da criança, o que gosta, o que prefere, os medos, sonhos, etc. 2. Solicitações para a participação da criança:
Exemplo: Estamos fazendo um gráfico sobre “Frutas preferidas”:” Qual a fruta preferida da criança?” Estamos estudando o bairro: “Mamãe o que tem próximo a sua casa?

Importante ser partilhado com os alunos, como por exemplo as crianças da sala fazerem perguntas sobre o amigo(a) nesta condição 

O QUE A FAMÍLIA ESCREVE? 

1.Respostas referente as perguntas e solicitações da professora. 

2.Orientações que podem serem o que fazer no momento de desconforto ou crise, respostas referentes as solicitações da professora. Relatos sobre o dia-a-dia da criança, sobre eventos da família ou da comunidade. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

BRASIL, LBI  http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm recuperado em 11/02/2024.
DELIBERATO, Débora - Comunicação Alternativa: Recursos E Procedimentos Utilizados No Processo De Inclusão Do Aluno Com Severo Distúrbio Na Comunicação 

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1996.


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