DIÁRIO DE BORDO por Cláudia Mistreli - AEE
O diário de bordo tem o propósito de
ampliar a comunicação da criança com prejuízos na fala - de modo alternativo,
complementar ou suplementar.
Por que utilizar? Porque é na interação que se
constrói a linguagem, assim nos apoiamos nas ideias de Vygotsky que enfatizava o
processo histórico-social e o papel da linguagem no desenvolvimento do
indivíduo. A questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do
sujeito com o meio. Para o teórico, o sujeito é interativo, pois adquire
conhecimentos a partir de relações intra e interpessoais e de trocas com o meio,
a partir de um processo denominado mediação.
Poder-se ainda argumentar e
discutir que os usuários dos sistemas de comunicação suplementar e/ou
alternativa seriam avaliados pelas suas reais possibilidades expressivas, ou
seja, crianças, jovens e adultos que não conseguem falar ou ainda, indivíduos
que falam, mas não são compreendidos por diferentes interlocutores (Manzini,
2001; Deliberato, 2005).
Deste modo introduziremos o diário de bordo para
provocar as reações voluntárias e reflexas, que precisam ser entendidas pela
professora e pelos amigos (Interlocutores). É um dos recursos de comunicação
suplementar e/ou alternativa do conjunto de práticas comunicativas, que junta a
vários recursos para ajudar as pessoas que não possuem fala nem escrita
funcional, ou que não possuam habilidades de se comunicar satisfatoriamente em
razão da deficiência.
Esta atividade também é prevista no Estatuto da Pessoa com
Deficiência (Lei 13.146/2015), que afirma a autonomia e a capacidade desses
cidadãos para exercerem atos da vida civil em condições de igualdade com as
demais pessoas, necessitam da mediação.
COMO SERÁ UTILIZADO O DIÁRIO DE BORDO E
QUAL SUA FUNÇÃO?
Os registros serão utilizados para colaborar com a expressão do
pensamento da criança que traz o comprometimento relacionado a sua comunicação
expressiva ou até mesmo pela comunicação receptiva.
Exemplo de comunicação
expressiva: a criança chega até a professora e diz:
- Estou com dor de cabeça!
Ou aproxima da professora e aponta para o pézinho “olha” ...tênis novo! Ou diz
“Fui ao cinema”.
Expressando suas necessidades e compartilhando emoções.
Exemplo
de comunicação receptiva: - Como você está hoje? -Qual sua fruta preferida?
As
crianças com o comprometimento na comunicação não irão responder e não
compartilharão suas necessidades, desejos e emoções. Sua participação estará
comprometida, então este recurso será o facilitador e irá ampliar a da
comunicação.
Outro ponto é que a família talvez não utilize as entonações
carregadas de musicalidade, com modificações prosódicas (mamanhês), que fará a
criança tentar corresponder.
Nossa ação conjunta facilitará o processamento e a
compreensão da fala. Assim ações compartilhadas entre os profissionais da
escola, dos familiares e profissionais da saúde, irão contribuir para a
ampliação da comunicação, um dos conteúdos mais importantes do Atendimento
Educacional Especializado para a plena participação da criança.
O QUE A
PROFESSORA ESCREVE?
1. Perguntas relacionadas as características da criança, o
que gosta, o que prefere, os medos, sonhos, etc. 2. Solicitações para a
participação da criança:
Exemplo: Estamos fazendo um gráfico sobre “Frutas
preferidas”:” Qual a fruta preferida da criança?” Estamos estudando o bairro:
“Mamãe o que tem próximo a sua casa?
Importante ser partilhado com os alunos,
como por exemplo as crianças da sala fazerem perguntas sobre o amigo(a) nesta
condição
O QUE A FAMÍLIA ESCREVE?
1.Respostas referente as perguntas e
solicitações da professora.
2.Orientações que podem serem o que fazer no momento
de desconforto ou crise, respostas referentes as solicitações da professora.
Relatos sobre o dia-a-dia da criança, sobre eventos da família ou da comunidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, LBI http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm recuperado em 11/02/2024.
DELIBERATO, Débora - Comunicação Alternativa:
Recursos E Procedimentos Utilizados No Processo De Inclusão Do Aluno Com Severo
Distúrbio Na Comunicação
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. Rio de
Janeiro: Martins Fontes, 1996.